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Mostrando postagens de fevereiro 6, 2010

Cravos, rosas e despedidas

Como em toda cidade de clima seco, o dia amanhecia frio, triste, um dia de despedidas. Velando o caixão estávamos eu, minha filha mais nova, uma dúzia de amigos e alguns familiares. Quem de longe olhasse certamente avistaria parte do seu rosto, as mãos sobrepostas, o vestido bege fechado e minhas mãos sobre sua fronte. O desejo de se entregar as vezes é maior do que as próprias lembranças, ou talvez aquele aumente pela intensidade destas. Foram dezoito anos, os mais belos e sublimes que ficariam gravados para sempre em minha trajetória. As poucas mulheres que estavam ali decidiram se retirar, procurar um lugar que as acolhessem do frio e as amparassem de meus olhares. Não que fosse um olhar reprovador ou tão pouco um olhar de denúncia, ora, apenas a busca do pouco que restava de parte de mim naqueles últimos momentos. Minha filha resolvera sair, talvez já estivesse cansada, o sono. Para mim não fazia a menor diferença continuar ali ou procurar outros lugares, sempre ficaria a sensação