Sorriso ao sono
Encerrar o anseio por
mais uma vez encontrar alguém é quase desejar a própria nostalgia
do passado perfeito, é contar, reviver, mentir.
Era o tempo de meias
tardes, as mesas todas ornamentadas, a música convidativa. Ela em um
gesto, que antecipava ao sim, deslisava leve em direção de alguém
que nunca imaginaria o que tudo aquilo poderia se transformar. A
primeira e única dança, forma perfeita de aproximação e
despedida. A euforia de todos nada seria se comparadas à sua.
A angústia, preço
das possibilidades de escolha, tomava-o como alguém que aguarda algo
que não lhe é possível. As conversas sem jeito, os olhares
atravessados, o toque. Nada que ali acontecesse, que não ela,
poderia de alguma forma destacar-se aos seus sentidos, estava inerte
ao mundo e atento aos cheiros, sons e beleza de uma única pessoa.
Não houve passar de
tempo, existiu apenas o fim da festa. O desespero de que tudo
terminasse ali, a impossibilidade de algo real, a necessidade de
experimentar o último dos sentidos. O acaso, a possibilidade da concretude. Caminho distante a ser
percorrido, poucas palavras, pouco assunto.
O que imaginava ser
impossibilidade, pressa de eternidade, distância realizou-se. Todos olhavam, assim como olharam
muitas outras vezes, a sensação de estar vivendo, de querer estar
ali.
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